Entre lettering, caligrafia artística e ilustração: conheça a paraibana Aline Beuttenmüller

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Entre lettering, caligrafia artística e ilustração: conheça a paraibana Aline BeuttenmüllerPessoas que se destacam pela arte que produzem são sempre fonte de inspiração. O Intervalo bateu um papo com uma paraibana que se encaixa bem nesse perfil. Trata-se de Aline Beuttenmüller. Ela é uma dessas figuras mergulhadas na criatividade, amante de ilustrações e ávida por conhecimento – vive pesquisando, inclusive, pelas mídias sociais.

Aline estudou Design de Interiores no IFPB e Design de Moda na Funetec-PB. Há dois anos, contudo, passou a atuar no mercado publicitário. Atualmente, ela trabalha na Sin Comunicação, como Diretora de Arte. Além disso, mantém uma loja online para comercializar os produtos criados por ela, com ilustrações exclusivas, a 266 t-shirts.

Nossa conversa girou em torno das habilidades dela com lettering e caligrafia artística. Confira!

Como e quando começou a fazer arte com caligrafia? Alguém a influenciou no início?
Como já ilustro há algum tempo, acabei inserindo o lettering (que é como se fosse um tipo de caligrafia desenhada, com elementos decorativos) nas minhas composições. Não lembro de uma influência em especial nesse começo, mas eram coisas que eu via com frequência nas minhas pesquisas de referências pelo Pinterest.

Como se chama o tipo de trabalho que você faz?
Lettering e caligrafia. Caligrafia artística é quando utilizamos ferramentas de desenho (canetas, pincéis, penas de nanquim) para escrever as letras, com uma estética mais apurada do que quando simplesmente se escreve algo. O lettering tem basicamente a mesma finalidade, mas em vez de escrevermos as letras, elas são de fato desenhadas. Tenho pouca técnica com a caligrafia, e o lettering acaba tornando-se normalmente mais interessante para mim, pois me permite fazer mais composições. É uma ilustração com coisas escritas.

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Como acontece sua criação? Todo o trabalho é manual? Quais tipos de peças você cria?
Diariamente vejo artistas que trabalham com lettering e caligrafia na internet. O Instagram tem sido uma fonte prática de pesquisa, tem muita gente mostrando seus trabalhos por lá. Tento treinar um pouco todo dia, e apesar de já ter feito trabalhos digitais, sempre prefiro começar no papel. Acredito na singularidade das coisas feitas à mão, acho que confere mais exclusividade às criações. Meus caderninhos estão cheios de rabiscos, que normalmente passam para o computador somente para uma finalização digital. Faço ilustrações digitais, pôsteres, camisetas e alguns trabalhos publicitários, quando tenho oportunidade.

Como você foi desenvolvendo sua técnica?
Pesquisando e tentando treinar com frequência. É o tipo de técnica que exige muita prática, muitas tentativas e erros, e saber lidar com certo tipo de frustração. Calígrafos e letristas profissionais têm anos de prática, e os trabalhos normalmente envolvem várias repetições até que se chegue ao esperado. Fiz alguns workshops, vejo vídeos e fico rabiscando, basicamente, como qualquer tipo de ilustração. Com o tempo fui desenvolvendo um estilo que venho tentando aprimorar.

Qual trabalho você tem mais orgulho de ter feito? Por qual motivo? Pode nos mostrar uma foto?
Gosto de dois trabalhos bem pessoais. Um acabou virando pôster e camiseta (foto acima), e a frase diz que “seja o que for, faça com amor”, que é algo que eu tento fazer com as minhas próprias coisas. O outro é de um projeto que tenho onde ilustro músicas da minha banda preferida, Belle and Sebastian. Também acho legal (e curioso) quando me encomendam ilustrações para tatuagem. Acho que poucas coisas são tão lisonjeiras quanto alguém ter coragem de colocar uma criação sua na própria pele.

Tem algum artista que usa mais ou menos a mesma técnica que você e que você acha que é o melhor do mundo no que faz? Qual o nome?
Tem alguns artistas que admiro bastante, com estilos bem diferentes. Lauren Hom, do projeto Daily Dishonesty; Dana Tanamachi, que tem um trabalho incrível com giz e já fez trabalhos para marcas gigantes; o brasileiro Fábio Maca, que tem um trabalho autoral muito especial e delicado; e o coletivo Criatipos, de Curitiba, que é formado por várias pessoas com estilos diferentes fazendo coisas bonitas em conjunto.

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Há alguém no mercado local que você admira, que faz um trabalho semelhante ao seu?
É possível que sim, mas não conheço. No meio publicitário local não vejo muita gente trabalhando com lettering e caligrafia, mas no país todo tem sido comum ver trabalhos feitos com essas técnicas. Acho que é reflexo de uma tendência de valorização do trabalho feito à mão. Hoje em dia temos acesso a tantas referências parecidas, tantas coisas feitas ao mesmo tempo, que inserir a peculiaridade de um trabalho feito à mão (lettering, ilustrações, colagens, trabalhos com papel) acaba sendo uma saída para conseguir fazer um trabalho mais original.

O que você diria para um estudante que gostaria de enveredar nesse ramo e aprender as técnicas que você usa?
Como aqui infelizmente não temos workshops com frequência, acho que a saída é pesquisar, treinar, aceitar que vai errar um bocado até acertar, e continuar treinando. Ainda que você decida utilizar um estilo mais pessoal, acho válido aprender as técnicas e caminhos dos estilos mais clássicos, que é o que normalmente acaba sendo ensinado nos cursos. Apesar de não termos muito acesso a cursos e materiais aqui em João Pessoa, é fácil achar tudo isso na internet. Tendo interesse e persistência, o restante é consequência.

Gostou do trabalho de Aline? Nas mídias dela tem muito mais: Intagram | Tumblr | Portfolio

Intervalo /Jornal da Paraíba